A Câmara Municipal do Crato aprovou, por unanimidade, uma proposta de moção do seu presidente, visando o protesto contra o encerramento do Serviço Local de Segurança Social de Gáfete, anunciado para o ano de 2011.
Considera a proposta, aprovada pelos eleitos da CDU e do PS que o encerramento daquele serviço, a funcionar há dezenas de anos, iria prejudicar a população daquela laboriosa freguesia.
Em Nisa, e no ano da graça do senhor de 2010, o Serviço de Internamento do Centro de Saúde foi encerrado, sem apelo nem agravo, nem tão pouco com o aviso prévio à população. Desapareceu, extinguiu-se, de um dia para o outro, um serviço notável de apoio aos habitantes do concelho e que funcionava desde há mais de 50 anos.
O autor da “proeza” não poderia ter escolhido data mais simbólica: o ano do quinquagésimo (50º) aniversário da inauguração oficial (26/4/1960) do Hospital da Misericórdia de Nisa (Hospital Sub-Regional).
A extinção do Serviço de Internamento, que estaria prevista só após a entrada em funcionamento do novo Centro de Saúde, teve como consequência, para além da perda de uma unidade de prestação de cuidados de saúde de inquestionável valor, a redução drástica do número de profissionais do sector, desde enfermeiros, a pessoal auxiliar e administrativo, levando alguns ao pedido de aposentação e outros a terem de “viajar”, diariamente, para concelhos vizinhos (Crato e Portalegre).
A Câmara, de maioria CDU, tal como a do Crato, perante tal situação e outras, lesivas da qualidade da prestação dos cuidados de saúde à população do concelho, não tugiu nem mugiu. Calou-se, num silêncio aterrador e cúmplice, no que foi acompanhada pela Assembleia Municipal.
Na última sessão deste órgão, no entanto, algo de inverosímil aconteceu. À falta de um protesto e tomada de posição fundamentada sobre tão grave situação, o director do Centro de Saúde achou-se no direito de se apresentar na sessão, não para dar esclarecimentos sobre a estrutura que dirige e os problemas que têm surgido, mas para questionar um dos eleitos acerca de afirmações que terá feito e que terão desagradado ao ilustre funcionário da ARS que as classificou de “gratuitas” e “desadequadas”.
Não conheço o actual director do Centro de Saúde de Nisa. Conheci vários ao longo de dezenas de anos, cada qual com o seu perfil e métodos de actuação. O que sei é que nenhum dos anteriores pôs em causa o Serviço de Internamento e, dentro das suas capacidades, contribuíram para que o mesmo funcionasse como um apoio às populações do concelho, revelando uma profunda sensibilidade sobre o contexto social e económico em que o mesmo se insere.
Se o eleito da Assembleia Municipal e presidente da Junta de Freguesia do Espírito Santo teceu, nessa qualidade, considerações e críticas sobre a insuficiência dos cuidados de saúde prestados à população, essa atitude só o enobrece e deveria ter sido acompanhado por outros eleitos de freguesia e municipais numa tomada de posição mais forte, mais abrangente e, sobretudo, mais solidária, porque justa.
No Crato, eleitos no executivo camarário puseram de parte as “cores” partidárias e uniram-se para clamar por justiça e contra o encerramento de um serviço essencial para a população de uma freguesia.
Em Nisa, pelo contrário, uma iniciativa gravosa para toda a população do concelho, não merece da Câmara ou da Assembleia, o veemente protesto de que era credora, sendo caricato que, a única voz que se ergueu para dizer que “o rei vai nu”, ainda seja, no próprio órgão onde é eleito, alvo da tentativa de censura por parte de quem deveria ser censurado.
Por essas e por outras, é que ainda há que defenda, a pés juntos, que a Coreia do Norte é uma democracia e que o seu “exemplo” futebolístico deva ser seguido com desmedida atenção.
Para bom entendedor...
Mário Mendes
Considera a proposta, aprovada pelos eleitos da CDU e do PS que o encerramento daquele serviço, a funcionar há dezenas de anos, iria prejudicar a população daquela laboriosa freguesia.
Em Nisa, e no ano da graça do senhor de 2010, o Serviço de Internamento do Centro de Saúde foi encerrado, sem apelo nem agravo, nem tão pouco com o aviso prévio à população. Desapareceu, extinguiu-se, de um dia para o outro, um serviço notável de apoio aos habitantes do concelho e que funcionava desde há mais de 50 anos.
O autor da “proeza” não poderia ter escolhido data mais simbólica: o ano do quinquagésimo (50º) aniversário da inauguração oficial (26/4/1960) do Hospital da Misericórdia de Nisa (Hospital Sub-Regional).
A extinção do Serviço de Internamento, que estaria prevista só após a entrada em funcionamento do novo Centro de Saúde, teve como consequência, para além da perda de uma unidade de prestação de cuidados de saúde de inquestionável valor, a redução drástica do número de profissionais do sector, desde enfermeiros, a pessoal auxiliar e administrativo, levando alguns ao pedido de aposentação e outros a terem de “viajar”, diariamente, para concelhos vizinhos (Crato e Portalegre).
A Câmara, de maioria CDU, tal como a do Crato, perante tal situação e outras, lesivas da qualidade da prestação dos cuidados de saúde à população do concelho, não tugiu nem mugiu. Calou-se, num silêncio aterrador e cúmplice, no que foi acompanhada pela Assembleia Municipal.
Na última sessão deste órgão, no entanto, algo de inverosímil aconteceu. À falta de um protesto e tomada de posição fundamentada sobre tão grave situação, o director do Centro de Saúde achou-se no direito de se apresentar na sessão, não para dar esclarecimentos sobre a estrutura que dirige e os problemas que têm surgido, mas para questionar um dos eleitos acerca de afirmações que terá feito e que terão desagradado ao ilustre funcionário da ARS que as classificou de “gratuitas” e “desadequadas”.
Não conheço o actual director do Centro de Saúde de Nisa. Conheci vários ao longo de dezenas de anos, cada qual com o seu perfil e métodos de actuação. O que sei é que nenhum dos anteriores pôs em causa o Serviço de Internamento e, dentro das suas capacidades, contribuíram para que o mesmo funcionasse como um apoio às populações do concelho, revelando uma profunda sensibilidade sobre o contexto social e económico em que o mesmo se insere.
Se o eleito da Assembleia Municipal e presidente da Junta de Freguesia do Espírito Santo teceu, nessa qualidade, considerações e críticas sobre a insuficiência dos cuidados de saúde prestados à população, essa atitude só o enobrece e deveria ter sido acompanhado por outros eleitos de freguesia e municipais numa tomada de posição mais forte, mais abrangente e, sobretudo, mais solidária, porque justa.
No Crato, eleitos no executivo camarário puseram de parte as “cores” partidárias e uniram-se para clamar por justiça e contra o encerramento de um serviço essencial para a população de uma freguesia.
Em Nisa, pelo contrário, uma iniciativa gravosa para toda a população do concelho, não merece da Câmara ou da Assembleia, o veemente protesto de que era credora, sendo caricato que, a única voz que se ergueu para dizer que “o rei vai nu”, ainda seja, no próprio órgão onde é eleito, alvo da tentativa de censura por parte de quem deveria ser censurado.
Por essas e por outras, é que ainda há que defenda, a pés juntos, que a Coreia do Norte é uma democracia e que o seu “exemplo” futebolístico deva ser seguido com desmedida atenção.
Para bom entendedor...
Mário Mendes