PLANÍCIE!...
Planície!... Que quer dizer?... Que significa?...
Imensidão de largos horizontes é o seu restrito significado. Porém, se o aprofundarmos no sentido lato da palavra, veremos que dele se evola um simbolismo enorme, alto, grande...
Campo aspérrimo, duro, selvagem, solo batido por canículas brutais, somente nele nasceu o Homem capaz de praticar a luta insana com a terra e de a domar ao seu capricho tenaz e forte. Gente de compleição rígida, como rígido é o clima do seu torrão natal; índole branda e agreste, consoante as circunstâncias do seu viver...
Ao falar da planície sinto como que uma chama de orgulho enchendo-me repletamente o peito... E porquê?... Porque será?...
A resposta dá-a o coração, amante prisioneiro da terra dos seus antepassados. É por que esse solo bendito que me viu nascer é a planície ardente e hirsuta, mas que tudo cria, tudo produz, transformando-se em inesgotável manancial, em farto celeiro duma Pátria.
Todo aquele eu não sentiu a planície em todas as nuances da vida, não poderá abranger, pelo lado genérico, o significado do esforço heróico empreendido pelas suas gentes, firmando um elo sublime com a beleza mística da paisagem, tenuemente aureolada de enigma e trémulas fantasias...
Tu, viajante, que caminhas para além do Tejo – ouve – detém-te um pouco, deita-te sobre a terra rija da enfebrecida planura e mergulha a vista nos horizontes a sangrar do crepúsculo. E ouvirás a maga voz do sonho e da lenda que acordou as cítaras de Monsaraz, de Florbela Espanca, de António Sardinha, de José Duro... E verás mais. Contemplarás no céu pesado o amor elevado da Pátria nas convulsões de 1385 e nos rasgos de 1640. Sentirás, no mais recôndito lugar da tua alma, a Natureza em toda a sua pujança policroma de cambiantes...
É o Alentejo!... É a planície...
A planície onde se moureja e se reza, onde se canta e se chora...
Toda ela sintetiza uma sinfonia dolente, de músicas suaves e queixosas, repassadas de lirismo e de mágoa, de misticidade oriental. Terra de heróis e de santos, berço de feitos imortais, o seu nome perdurará perenemente, gravado a letras de oiro, nos anais da História.
Em tudo a planície é alta, grande, enorme...
E para nós, filhos dela, aponta-se-nos o sagrado dever de a amarmos enraizadamente, trabalhando nela e por ela, porquanto só do nosso esforço sobre-humano resultarão as condições suficientes ao seu frutificar, tão necessário e indispensável à vida da família e à economia da Nação.
Carlos Franco Figueiredo in “Revista Alentejana” – Abril de 1960
Planície!... Que quer dizer?... Que significa?...
Imensidão de largos horizontes é o seu restrito significado. Porém, se o aprofundarmos no sentido lato da palavra, veremos que dele se evola um simbolismo enorme, alto, grande...
Campo aspérrimo, duro, selvagem, solo batido por canículas brutais, somente nele nasceu o Homem capaz de praticar a luta insana com a terra e de a domar ao seu capricho tenaz e forte. Gente de compleição rígida, como rígido é o clima do seu torrão natal; índole branda e agreste, consoante as circunstâncias do seu viver...
Ao falar da planície sinto como que uma chama de orgulho enchendo-me repletamente o peito... E porquê?... Porque será?...
A resposta dá-a o coração, amante prisioneiro da terra dos seus antepassados. É por que esse solo bendito que me viu nascer é a planície ardente e hirsuta, mas que tudo cria, tudo produz, transformando-se em inesgotável manancial, em farto celeiro duma Pátria.
Todo aquele eu não sentiu a planície em todas as nuances da vida, não poderá abranger, pelo lado genérico, o significado do esforço heróico empreendido pelas suas gentes, firmando um elo sublime com a beleza mística da paisagem, tenuemente aureolada de enigma e trémulas fantasias...
Tu, viajante, que caminhas para além do Tejo – ouve – detém-te um pouco, deita-te sobre a terra rija da enfebrecida planura e mergulha a vista nos horizontes a sangrar do crepúsculo. E ouvirás a maga voz do sonho e da lenda que acordou as cítaras de Monsaraz, de Florbela Espanca, de António Sardinha, de José Duro... E verás mais. Contemplarás no céu pesado o amor elevado da Pátria nas convulsões de 1385 e nos rasgos de 1640. Sentirás, no mais recôndito lugar da tua alma, a Natureza em toda a sua pujança policroma de cambiantes...
É o Alentejo!... É a planície...
A planície onde se moureja e se reza, onde se canta e se chora...
Toda ela sintetiza uma sinfonia dolente, de músicas suaves e queixosas, repassadas de lirismo e de mágoa, de misticidade oriental. Terra de heróis e de santos, berço de feitos imortais, o seu nome perdurará perenemente, gravado a letras de oiro, nos anais da História.
Em tudo a planície é alta, grande, enorme...
E para nós, filhos dela, aponta-se-nos o sagrado dever de a amarmos enraizadamente, trabalhando nela e por ela, porquanto só do nosso esforço sobre-humano resultarão as condições suficientes ao seu frutificar, tão necessário e indispensável à vida da família e à economia da Nação.
Carlos Franco Figueiredo in “Revista Alentejana” – Abril de 1960