12.5.09

OPINIÃO: ESTE ANO VAI SER "OURO SOBRE AZUL"

Cartaz de Ana Carina escolhido pelo júri do concurso
E NÃO HÁ CONCURSO DE CARTAZ DA "NISARTES 09?
Vai ser "Ouro sobre Azul" diz a propaganda camarária no seu site, a propósito da edição 2009 da Nisartes. Em ano de eleições autárquicas e mesmo com o brutal endividamento da autarquia, a maioria que nos (des)governa não irá olhar a meios para atingir os fins. E a Nisartes, a dois meses das Autárquicas, será uma ocasião para "bater forte e feio" no "velhos do Restelo" que não vêem a bondade e a grandeza da obra camarária.
Até ao momento nada se sabe sobre os "artistas" da Feira de Artesanato e Gastronomia. Sobre o concurso do Cartaz do evento, que no ano passado provocou uma acesa polémica, com uma concorrente de Tomar a ganhar em "campo" e a "perder" na secretaria, também nada se diz.
A jovem esperou e desesperou por uma explicação, um pedido de desculpas, uma palavra simples que atenuasse a sua desilusão e desencanto, a ferida aberta na sua dignidade e brio profissional. Até hoje. O melhor, por isso, para salvar as aparências e as circunstâncias será mesmo, mandá-lo fazer por encomenda aos "artistas da casa e da côr". Poupam-se aborrecimentos, sempre desagradáveis em anos de eleições, não se criarão expectativas, a quem, legitimamente as poderia ter, não se desautoriza um júri que fez um triste papel e não haverá jornal algum - nem o "nóvel" Jornal da Câmara de Nisa - que ouse apontar o que quer que seja, à "seriedade" do empreendimento. "Trabalho, honestidade e competência"? Bah! Vão cantar a cantiga da "nau Catrineta" para outro lado.
Por que a memória por vezes é curta, aqui deixamos o que escrevemos na edição nº 253 do "Jornal de Nisa" de 16 de Abril de 2008, a propósito de tão "singular e saloia" decisão:
POLÉMICA NA ESCOLHA DO CARTAZ DA NISARTES 2008Jovem de Tomar ganha em “campo” e perde na “secretaria”A Câmara de Nisa decidiu, em reunião realizada no dia 2 de Abril, atribuir o primeiro prémio do concurso de cartaz da Nisartes 2008, a um jovem residente no concelho, conforme a autarquia amplamente divulgou, tal como a proposta de cartaz, em nota de imprensa.
O que não se disse, foi que o cartaz vencedor resultou de uma segunda escolha, já que a decisão do júri do concurso, nomeado especialmente para o efeito, fora noutro sentido e escolhera como proposta vencedora, o trabalho nº 59, apresentado sob o pseudónimo de “Ísis” e elaborado por uma jovem a estudar em Tomar, Ana Carina Raposo Dias.
Em vez de atribuir a classificação e o prémio de acordo com a vontade do júri, a Câmara, por proposta da sua presidente, resolveu "não homologar a acta da reunião do júri” e atribuir “ o 1º lugar ao trabalho com o nº 109, apresentado sob o pseudónimo ""AR"" e elaborado por Bruno Alexandre da Fonseca Godinho.
Votaram a favor desta “alteração” para além da proponente, os vereadores João da Costa (CDU) e Paulo Felício (PS), e contra o vereador Mário Condessa (PSD) porque “tinha concordado com a decisão do júri ".
Esta a decisão que fica a manchar, de forma negativa, um concurso a que concorreram, segundo números da autarquia, quase duas centenas de projectos gráficos.
Ninguém me deu qualquer informação ou esclarecimento”- Ana Carina Dias
Ana Carina Raposo Dias, a jovem preterida no concurso de cartaz da Nisartes 2008, tem 20 anos e estuda no 2º ano do curso de Design e Tecnologias das Artes Gráficas do Instituto Politécnico de Tomar. Para além de estudante, trabalha como vendedora na Worten da cidade nabantina.
Contactada pelo “Jornal de Nisa”, a jovem estudante contou-nos como tivera conhecimento do concurso e as expectativas com que concorreu, mostrando-se indignada com o todo o processo.
“Tive conhecimento através de um colega de curso, pois foram vários a participar neste evento. As expectativas eram ganhar apesar ter a noção que sendo eu uma estudante de Design era complicado participar num evento em que provavelmente competiriam outros profissionais da área. Esta foi a minha primeira participação neste tipo de concursos.”
Sobre a não homologação da acta do júri que lhe atribuíra o 1º lugar, Ana Carina não escondeu a sua surpresa e estupefacção.
“Fiquei a saber da situação quando fui contactada por vós, a mim não me foi dada qualquer informação ou esclarecimento. Francamente acho o cartaz “vencedor”, que consta no site da Câmara inferior a muitos trabalhos que concorreram a este concurso. Sinceramente, estas discordâncias, ou outro termo que lhe queiram atribuir, são fortemente descredibilizadoras deste concurso, pois para além da falta de informação colocam no site uma realidade ilusória. Se havia discordância porquê tanta urgência para colocar no site o “tal” vencedor? E porquê esse vencedor escolhido por minoria, tanto quanto me foi explicado? Apenas por ser um habitante do vosso concelho?”
Perante esta situação, criada a uma jovem que concorreu pela primeira vez a um concurso deste género, Ana Carina diz que “se eu não tivesse sido contactada pelo jornal nunca teria tomado conhecimento como as coisas aconteceram, mas uma vez que sei a realidade dos factos sinto-me injustiçada, não tanto por não ter sido o cartaz vencedor, mas porque existiam inúmeros trabalhos superiores que poderiam valorizar melhor o evento. De certa forma falo por todos eles. Suponho que todos se sentiriam injustiçados se estivessem na minha situação, não apenas por uma questão do prémio monetário, mas do prestígio que poderia advir para a minha ainda não iniciada carreira.”
Mário Mendes