9.3.25

SOCIEDADE: «Mulher na democracia não é biombo de sala»


Num dia em que, em todo o Mundo e por todo o Portugal, milhões de mulheres assinalaram o 8 de Março, a Organização Internacional do Trabalho alerta para o longo caminho que falta percorrer para alcançar a igualdade laboral.

«Trinta anos após a Declaração e a Plataforma de Acção de Pequim [documento adoptado na IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre as Mulheres, em 1995] terem estabelecido uma agenda ambiciosa para a igualdade, as mulheres ainda enfrentam barreiras significativas na economia», apontam os mais recentes dados recolhidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Muito embora as diferenças no que toca à taxa de empregabilidade terem diminuído entre homens e mulheres, de 27,1 para 23,1% desde 1991, a realidade é que as mulheres continuam, à escala global, a ter muito mais dificuldades em aceder a trabalhos remunerados face aos homens: apenas 46,4% das mulheres em idade activa estava empregada em 2024, contrastando com os 69,5 por cento dos homens. A este ritmo, alerta a OIT, «a igualdade nas taxas de emprego demorará quase dois séculos» a alcançar.

«Embora um maior número de mulheres jovens esteja a estudar e a receber formação, este facto não se traduziu em ganhos significativos no mercado de trabalho. As mulheres ocupam apenas 30% dos cargos de direcção a nível mundial, tendo-se verificado apenas uma ligeira melhoria nas últimas duas décadas».

Também no que toca aos rendimentos, apesar de ligeiras melhorias, se regista um largo fosso: as mulheres empregadas (a trabalhar por conta de outrem ou por conta própria) ganharam 77,4 cêntimos por cada dólar ganho pelos homens em 2024, uma melhoria de 7 cêntimos face a 2004.

«Milhões de mulheres ainda enfrentam barreiras persistentes para entrar, manter-se e progredirem num trabalho digno», defende Sukti Dasgupta, directora do Departamento de Condições de Trabalho e Igualdade da OIT. «São necessárias reformas urgentes para fazer face à desigual responsabilidade em matéria de cuidados, às diferenças salariais entre homens e mulheres e à violência e assédio no mundo do trabalho, factores que continuam a tornar os locais de trabalho mais desiguais e menos seguros para as mulheres».

·        AbrilAbril - 8 de Março de 2025