No passado
dia 24, quando a guerra na Ucrânia completou 3 anos, na ONU, assistimos a uma
situação inacreditável. As potências, Rússia, China e Estados Unidos uniram-se
na votação contra a proposta dos países europeus em relação à guerra na
Ucrânia. Está definida a nova ordem mundial, ou desordem imperial mundial. Este
é o resultado da eleição de Trump, que nunca escondeu a sua admiração por
ditadores e alinha com eles, se daí tirar proveitos.
Não se trata de apenas concordar ou discordar, mas a postura arrogante, agressiva e imperialista de governantes como Trump e Putin são uma ameaça à estabilidade do mundo. É aqui que podemos ser atingidos de várias formas. Estamos dependentes da economia internacional e a segurança está em risco; a ética, a liberdade de expressão e a paz estão sob ataque. Outra consequência é a opção orçamental para desviar verbas de interesse público e social, para a militarização e a Europa caminha nesse sentido.
Também, está
instalada uma guerra entre a Europa que quer regular a inteligência artificial
e estes defensores das notícias falsas, ou seja, da mentira para enganar tudo e
todos. Outra guerra, é a obsessão pelas terras raras com riquezas minerais, que
os oligarcas cobiçam e a aliança Trump / Putin querem repartir os despojos da
Ucrânia. Esperemos que a “velha” Europa, explique e mostre à “jovem” América
que ainda tem muito a aprender, para se intitularem uma democracia a sério.
Nunca é
demais denunciar e alertar para a posição musculada dos reis do capitalismo,
com o apoio dos mais ricos, que além de quererem ficar ainda mais ricos, não
querem ser impedidos de continuarem a destruir o planeta e a colapsar as
instituições internacionais.
Outra
evidência, é a atual clareza do ataque dos Estados Unidos à Europa. Elon Musk
nem esconde e a recente oferta da motosserra de Milei a este magnata, que
defende as loucuras da extrema-direita, ficou patente na cara de idiota que fez
ao receber a prenda do outro louco. Em causa está a empatia de ambos em
despedir funcionários públicos sem dó nem piedade.
E na Europa,
em especial na Alemanha, com os resultados eleitorais para o Bundestag[1], não
temos boas notícias, a começar pelo resultado da AfD, herdeira do passado nazi,
com a controversa Alice Weidel.
Curiosamente a extrema-direita alemã consegue melhores resultados na
Alemanha de Leste (RFA).
O presidente francês, Emmanuel Macron, depois de visitar Trump, está entre nós. Estamos certos de que a Europa precisa de estar unida contra os apetites imperialistas em anexar territórios por interesses económico-políticos, mas com as derivas da extrema-direita em ascensão, será que vamos ter união?
Outra
preocupação, em especial para o mundo católico, tem a ver com o Estado de saúde
do Papa Francisco. Também ele tem sido atacado dentro e fora da Igreja; desde
os ortodoxos conservadores católicos, aos políticos de extrema-direita. O
argentino Milei, seu compatriota, durante a campanha eleitoral, descreveu
Francisco como um "imbecil" e "o representante da maldade na
terra". É caso para dizer, que Milei se enganou na direção, pois a
realidade está a demonstrar que ele, Trump e outros irresponsáveis, além de
maus, estão a desestabilizar o mundo.
• Paulo Cardoso - Programa "Desabafos" / Rádio
Portalegre - 28-02-2025