O caso é apenas mais uma prova do “à vontadinha” do discurso de ódio.
Cada vez mais desenvergonhado e amplificado. Não é apenas uma perceção. Houve
um aumento acentuado, diz-nos o Conselho da Europa. Cresceu 200%, acrescenta a
Direção-Geral da Política de Justiça. O caso da filha da vereadora, o ataque ao
ator em Lisboa, a agressão no Porto a voluntárias que prestavam assistência a
um estrangeiro sem-abrigo e o desmantelamento do grupo neonazi que ponderou
invadir o Parlamento e o Palácio de Belém provam a banalização.
O cenário agrava-se quando lemos no Digital News Report que a confiança
nas notícias em Portugal atingiu o seu valor mais baixo em dez anos. É
precisamente neste terreno extenso de desconfiança que o discurso de ódio se
propaga com facilidade.
Tal como no resto do Mundo, a dependência de redes sociais, plataformas
de vídeo e agregadores online cresce. Hoje, seis redes sociais atingem mais de 10%
do público semanal com notícias, contra apenas duas há dez anos, refere o
Digital News Report.
Combater este fenómeno exige, portanto, mais do que indignação. Exige
uma regulamentação eficaz das plataformas, literacia mediática,
responsabilização criminal e, sobretudo, reforço do jornalismo que informa.
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Manuel Molinos – Jornal de Notícias -20 junho,
2025