Isto vem tudo a propósito do último passeio da Mara Gonçalves, este especial, ali pela naturalmente belíssima faixa da península de Tróia. Mas o tema é triste, porque, naturalmente, é sobre os ladrões de praias.
A polémica já fez correr mares de tinta, a Agência Portuguesa do Ambiente já fiscalizou, concluiu e ordenou, mas como estão as coisas neste momento por ali? Ora bem, conta a Mara na Fugas online (e na edição deste sábado do PÚBLICO): De Tróia a Melides, os acessos difíceis privatizam as praias "de maneira sub-reptícia".
A dado passo, Rui Rebocho, um morador de Setúbal que há décadas vem por aqui à praia com a família — agora faz 100km a gasóleo, porque isso fica mais barato que usar o ferry —, atira com uma precisão cine-profética:
"Eles vão querer acabar com tudo o que seja para o povo, para depois vir a princesa da Jordânia de helicóptero aqui para a praia".
Libertemos as praias para os seus donos, nós, os cidadãos. E, entretanto, comecemos a pensar em que mais situações similares nos andarão a enganar. Não me digam que há também outros caminhos públicos por todo o país, por serras e vales, pelo interior e à beira-mar, que andam a ser roubados? Agarremos todos nos mapas das nossas terras, passo a passo, como um Sherlock Holmes em busca desses ladrões de acessos. Que entre nós e os nossos caminhos não pode haver fronteiras.
* Luís J. Santos in Fugas - Público . 19 de julho de 2025
FOTO 1 - Placa informativa frente ao condomínio do Tróia Resort, colocada após fiscalização da Agência Portuguesa do Ambiente - Rui Gaudêncio
FOTO 2 - O acesso ao estacionamento público junto à praia de Tróia-Galé faz-se por dentro do condomínio privado - Rui Gaudêncio
FOTO 3 - Acesso à praia Tróia-Galé - Rui Gaudêncio