27.5.25

OPINIÃO: Uma Esquerda à procura do sentido da vida


A passagem de testemunho no Partido Socialista está alinhada e, consequência imediata, a viabilização do próximo Governo na Assembleia da República também, para sossego de Marcelo Rebelo de Sousa e dos portugueses que estão fartos de eleições. O sentido de Estado do PS voltará a ser fundamental para o país seguir com os padrões mínimos de estabilidade política, à semelhança do que aconteceu na legislatura anterior, mas a questão de fundo mantém-se, na perspetiva do partido e de toda a Esquerda: o que fazer perante a estrondosa derrota eleitoral da semana passada? A perda de influência da Esquerda junto dos jovens e a falta de capacidade para apresentar uma resposta eficaz aos reais problemas das populações, servida em mensagem simples (sem ser simplista ou populista), está a penalizar os partidos que respiram fora do ecossistema de uma Direita em crescimento, o que conduz à transferência massiva do sentido de voto. De resto, a situação verifica-se um pouco por toda a Europa. As forças democráticas – de centro-direita também, portanto – têm obrigação de contrariar a proliferação de tendências extremistas que, inevitavelmente, se nos deixarmos anestesiar, conduzirão à perda de direitos fundamentais, pelo que, como há dias apontava Rui Tavares, líder do Livre, pode ter chegado a hora de os partidos de Esquerda, sem perderem identidade, terem uma estratégia comum. Em França, a experiência correu bem. E em Portugal também, se recuarmos à génese da geringonça, habilmente negociada por Pedro Nuno Santos. Talvez o agora ex-líder do PS tenha tido razão antes de tempo.

Vítor Santos - 25 maio, 2025 às 00:49