23.3.17

NISA: Vamos reQUALIFICAr a ETAPRONI? (1)

O discurso oficial e oficioso da autarquia nisense, repete, exaustivamente, palavras onde a tónica é a valorização do "nosso território", dos "nossos recursos", do "nosso artesanato", como se o concelho tivesse nascido de um momento para o outro e não existisse história e instituições para além de 2013, a não ser aquela que fala de dívidas e esbanjamento. 
Divulgámos, aqui, há dias, a "história" de uma parceria, palavra moderna muito usada pelos autarcas quando querem fugir à verdade e explicar, de forma clara e transparente, os factos que dão suporte às decisões municipais. Decisões essas, entre nós e como todos sabemos, "amputadas" do normal e democrático debate plural de ideias e projectos. 
Alertei para a fuga (sem aspas nem sufixos) e falta saber se, de forma consciente e deliberada, de importantes recursos na área do ensino, para o vizinho concelho do Crato. Fechou-se, compulsivamente, a Etaproni, liquidando-se, dessa forma a possibilidade de Nisa manter um estabelecimento de Ensino Técnico Profissional (e ter concorrido, agora, sem sanchos nem primas, ao Qualifica) que, pesem embora todas as vicissitudes por que passou, não deixava de ser uma referência a nível da região. Com a liquidação da Escola, que mantém - e essa é a parte mais "estranha" da história- todas as condições para funcionar, abalou o Curso de Termalismo e os profissionais do Ensino a ele (curso) dedicados.
E por que é que tudo isto aconteceu? Quem explica, tim tim por tantum, este "assassinato" escolar? Que interesses moveram ou levaram os actuais responsáveis municipais a tão "estranha" como inexplicável decisão? A defesa dos recursos endógenos (palavra fina) das "nossas gentes" não se inscreve nas principais preocupações e princípios das Pessoas Primeiro, dos Nisenses Primeiro e, já agora do "Portugal (Nisa) Melhor"?
Porque não respondeu, a senhora Presidente da Câmara de Nisa, à carta enviada em Fevereiro de 2014, com um conjunto de propostas, apresentada por diversos munícipes ligados à Etaproni - Escola Tecnológica Artística e Profissional de Nisa e que abaixo transcrevemos?
Vai o "Arrabalde da Caganita" de serviço, contra-argumentar, usando o anonimato ou, desta vez, os responsáveis municipais nesta área terão uma postura responsável e algo a dizer?
Aguardamos!
Mário Mendes
CARTA ENVIADA EM FEVEREIRO DE 2014 POR RESPONSÁVEIS DA ETAPRONI
Câmara Municipal de Nisa
Praça do Município
6050 Nisa
Atendendo a que :
1. - A Etaproni - Escola Tecnológica Artística e Profissional de Nisa desenvolve o seu projecto desde 1991, tendo constituído uma referência no panorama formativo e educativo da região, contribuindo para a melhoria das competências pessoais, académicas e profissionais de centenas jovens das mais variadas zonas e regiões do país;
2. - O projecto assentou numa iniciativa municipal e que, desde então, para além da Câmara Municipal de Nisa, já foi administrada por duas instituições , a ADIP – Associação para o Desenvolvimento de Ideias e Projectos – da qual a referida Autarquia foi Vice Presidente da Direcção e a ADN – Associação de Desenvolvimento de Nisa , cuja Presidência da Direcção sempre foi ( desde a sua criação a 23 de Maio de 2005 ) da já aludida autarquia;
3. - Numa altura em que tanto se discorre sobre a falta de postos de trabalho no interior do País, com as perturbações daí decorrentes, a Etaproni tem sido um exemplo de contra corrente e que poderá demonstrar com o crescimento do projecto, que não só poderá ser contribuinte liquido para a criação de mais postos de trabalho, mas também, induzi-los de uma forma indirecta. Por outro lado, o contributo no tipo de postos de trabalho que vai criando, traz à região a massa crítica que tantas vezes lhe falta. Actualmente, o projecto Etaproni garante 15 postos de trabalho directos, tendo, na década passada, empregado mais de 25 pessoas;
4. - O manancial de verba que anualmente constitui o orçamento da Etaproni não pode ser desprezado, pela dinâmica sócio- económica que introduz na região;
5. - A divulgação da Vila e da região, para além de uma preocupação constante do projecto, é indissociável do mesmo e a disseminação dessa divulgação será sempre proporcional ao aumento do protagonismo da Etaproni no exterior , só possível com a sua continuidade, assegurando a melhoria progressiva das condições em que o projecto Etaproni se desenvolve.
6. - Exemplo disso mesmo foram os dois mandatos em que a Escola fez parte da Direcção da ANESPO – Associação Nacional de Ensino Profissional, o que traduz a capacidade de representação e a confiança conquistada junto dos pares, bem como os diversos projectos internacionais desenvolvidos ao longo destes mais de 20 anos – nomeadamente entre 1996 e 2004 - com escolas de países como o Reino Unido, Bélgica, República Checa, Itália, Hungria, Suécia, Polónia e Espanha;
7. - A Etaproni será sempre um projecto fundamental na formação pessoal, literária e profissional, em áreas não disponíveis noutros estabelecimentos da região . Esta situação assume maior importância se atendermos ao facto de trabalharmos com jovens, escalão etário em franco decrescimento demográfico nesta zona. O nosso contributo para a sua eventual fixação na região pode ser determinante, atendendo a uma solução de emprego mais próxima. Também não é possível esquecer que a Escola, ao longo destes anos, chegou a ter cerca de 70 alunos alojados e cobria uma área territorial de recrutamento de concelhos como Lisboa, Sintra, Loures, Azambuja, Moita, Faro, Alcobaça, Nazaré, Bombarral, Caldas da Rainha, Marinha Grande, Leiria, Mirandela, Coimbra, Góis, Castelo Branco, Fundão, Covilhã, Proença a Nova, Figueiró dos Vinhos, Vila Velha de Rodão, Mora, Portalegre, Elvas, Campo Maior, Arronches, Crato, Alter do Chão, Monforte, Castelo de Vide, Marvão, Ponte de Sor, Gavião, Fronteira, Abrantes, Entroncamento, Vila Nova da Barquinha, bem como da região autónoma dos Açores;
8. - A Etaproni pode ser o ponto de partida para outros projectos de desenvolvimento do nosso território, em função das competências e recursos instalados, podendo e devendo constituir uma organização a ter em conta por parte do município e restantes actores locais;
9. - Ao contrário do que se pensa, as Escolas Profissionais não são agências de emprego, nem criam este por decreto. A grande virtude dos projectos educativos das Escolas Profissionais, e no caso concreto da Etaproni, passa pelo fomento da empregabilidade. Através do processo formativo e das metodologias a ele associado, é possível conferir aos alunos novas competências e atitudes mediante estágios de formação e trabalhos de projecto em parceria com potenciais entidades empregadoras permitindo demonstrar, inequivocamente, o valor dos alunos e das competências que transportam.
Sabendo que :
a) A ADN – Associação de Desenvolvimento de Nisa, entidade titular da autorização de funcionamento da Etaproni, atravessa graves problemas de carácter financeiro e de liquidez, como é facilmente comprovável, público e notório em face dos atrasos de pagamentos aos recursos humanos do quadro permanente e que se consubstanciam em quase seis meses de atraso;
b) Tais dificuldades têm criado enormes problemas no funcionamento regular e adequado do projecto Etaproni, sendo os alunos várias vezes confrontados com faltas de professores e formadores, com perturbações na organização de transportes atempados ao cronograma lectivo, o que tem levado a reclamações constantes e perfeitamente legítimas dos encarregados de educação;
c) Na sequência do referido, progressivamente a imagem e credibilidade do projecto Etaproni têm sido severamente afectadas e se não houver uma inversão de percurso no curtíssimo prazo, todas as virtudes vertidas no início ficarão irremediavelmente condenadas;
 d) Em função disso mesmo um conjunto de associados propôs, na última Assembleia Geral da ADN que decorreu no dia 13/01/2014, a possibilidade da ADN aprovar a transição da autorização de funcionamento da Etaproni para outra entidade, por forma a melhor garantir e assegurar a sustentabilidade e viabilidade de tal projecto;
e) A nova entidade seria sempre uma organização emergente e representante da economia social e como tal uma instituição sem fins lucrativos, independentemente da tipologia de pessoa jurídica, incluindo obrigatoriamente, como associados, colaboradores da Etaproni e outros actores e organizações locais/regionais;
f) Essa proposta foi aprovada pelos associados presentes, com apenas uma abstenção;
g) Está o conjunto de colaboradores da Etaproni e associados da ADN subscritores da presente proposta empenhados em, de acordo com o até agora referido, definir um caminho alternativo para a Etaproni que garanta a sua sustentabilidade e viabilidade;
h) Entende este movimento, de colaboradores e associados, ser essencial a auscultação da Câmara Municipal de Nisa, atendendo às suas responsabilidades na definição das estratégias e políticas de desenvolvimento do Concelho de Nisa, bem como da sua participação e colaboração na definição deste caminho;
Propõe-se, muito respeitosamente :
i. Que a Câmara Municipal de Nisa delibere pela continuidade do Ensino Profissional na Vila de Nisa, gerido no âmbito de uma Escola Profissional autónoma, empenhando-se na construção de uma alternativa ao actual modelo de titularidade da autorização de funcionamento da ADN e em função do até agora vertido na presente proposta;
ii. Que a Câmara Municipal de Nisa, no sentido de acompanhar devidamente o trabalho a desenvolver, sugerindo e definindo caminhos, de acordo com a sua visão privilegiada enquanto decisor político de âmbito local, participe neste grupo de trabalho.
Aguardando com expectativa a melhor receptividade às nossas propostas e a Bem da Etaproni e do Concelho de Nisa
Os Proponentes (Associados e/ou Colaboradores da Etaproni)