6.8.16

50 Anos da Ponte sobre o Tejo - História com nisenses "dentro"

Hoje, 6 de Agosto, assinalam-se 50 anos da inauguração da ponte sobre o Tejo (Ponte Salazar e Ponte 25 de Abril). Da efeméride e das milhentas curiosidades sobre a construção da ponte que em 1966 era “a maior da Europa” deram ampla cobertura os jornais, rádio e televisão. O que poucos saberão é que a ponte sobre o Tejo, entre Lisboa e Almada tem também as “impressões digitais” de alguns nisenses. Foram eles, ao serviço da empresa Pinto e Bentes e sob o comando de Carlos Mourato, o ti Carlos “Galacho”, que instalaram a iluminação pública da ponte sobre o Tejo.
A história foi-nos relatada pelo próprio Carlos Mourato, em depoimento publicado no “Jornal de Nisa” em Julho de 2001 e aqui a deixamos como homenagem ao ti Carlos, já falecido e aos trabalhadores da sua equipa (nisenses e não só) que deram o seu contributo na construção da colossal ponte.
No alto da ponte
Das inúmeras montagens eléctricas que realizou, há uma de que o ti Carlos fala com especial orgulho: a electrificação da monumental ponte sobre o Tejo, em 1966. Um trabalho temerário, arriscado e feito numa altura em que não havia ainda o acesso a grandes tecnologias.
“Fui eu e a minha equipa que montámos a iluminação pública da ponte sobre o Tejo. A maior parte do pessoal era de Nisa. Montámos as colunas de marmorite, desde o Aqueduto das Águas Livres até à entrada da ponte. A partir daqui foi tudo feito em ferro. Só tínhamos segurança para o interior da ponte (guardas). Para o lado do Tejo, não. Era muito arriscado e então chamei os patrões. Lá estudei o trabalho, levei para lá um tractor e uma roullote e com um guincho fizemos o trabalho. Os americanos até se admiraram com o nosso trabalho. Fizemos aquilo depressa, bem feito e nunca se aleijou ninguém. Nesta montagem andámos quase um ano. Do Aqueduto das Águas Livres até ao Fogueteiro, fomos nós que montámos a iluminação pública.”
O brilho de alegria e entusiasmo do ti Carlos, cede, depois, o lugar à tristeza, quando relata um episódio que, lê-se-lhe nos olhos, o marcou.
“Foi no dia em que Portugal jogou com a Inglaterra para o Campeonato do Mundo. Uma camioneta da firma transportava um cavalete com 14 metros de altura. Disse ao pessoal para terem cuidado ao aproximarem-se da ponte de Corroios, pois passava ali uma linha de Alta Tensão. Fosse pelo que fosse, o que é certo é que deixaram chegar o cavalete ás linhas e a descarga matou três trabalhadores, um deles da Madeira  e dois do Alentejo. Foi um choque brutal, nem queira saber... Nós com medo que acontecesse alguma coisa na ponte e em terreno direito é que o acidente aconteceu...”
in "Jornal de Nisa" - 25/7/2001